quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sobre luas e estrelas

Tal qual uma estrela-guia,
Você passou.
Com todo seu brilho, me arrepia
Com todo seu fogo, me arrebatou.
Agarrei nos braços teus
E disparei contigo pelos céus.

Me entreguei?
Claro, de forma sincera.
Fome de quimera
Tinha a fera
Que, em meu peito, abriguei.

Enfim, chegamos
Ao solo lunar
(aquele que nunca pisei).
Minha mente, a delirar
Achou que nos amamos.
Hoje, eu sei
Que "nós" era incerto.
Tenho apenas a certeza que te amei
(e a que nunca, nunca te decifrei).

Fascinado pela beleza tua,
Deixei-me levar à lua,
Com seu encanto fascinante
E a sua órbita inconstante
(como disse Julieta).
A estrela, antes d'alva,
Deixou meu peito em mágoa.
Queimou-me como um cometa.

Apesar de tudo, valeu a pena
(mesmo que a duras penas)
A fantasia vivida.
Voltei à Terra
- Já era hora da partida.
Às vezes, fico te procurando
Em vão. Sei que só resta ficar lembrando
O que vivi além da atmosfera.
Se foi bom? Depende.
Às vezes, ficava a flutuar.

Às vezes, ficava sem ar.

domingo, 17 de abril de 2011

No lado esquerdo

Parece ridiculo, mas ainda te guardo. Ainda te tenho, embora o que tenho seja apenas um vestígio seu. O cordão que usou, pendurado no lado esquerdo da minha cama. Costumava ter seu perfume, sabia? O tempo, não o vento, levou o cheiro; todavia permanece lá, com esse cheiro neutro, talvez sem cheiro mesmo. Neutralidade nunca foi uma das suas características. Oito ou oitenta. Assim ou assado.
Me lembro quando você chegou. Me lembro quando eu comecei a te amar. Me lembro de muitas coisas: da primeira briga, das coisas que você disse, dos meu erros, enfim. Muita coisa. Porém, não lembro de quando você partiu. Acordei e você não estava mais lá. Só o seu cordão.
Gastaria muito tempo em tentar recordar o porquê do afastamento. Prefiro usá-lo para buscar recordações dos nossos dias de sol e tenho a impressão de que foram mais numerosos que os nublados & chuvosos, ou, você sabe, eu caio no clichê (como sempre) mais realista: as pessoas só veem o que querem. Não me incomodo, pelo menos eu vejo felicidade.
Bobeira? Talvez. Bem, antes lembrar as nossas risadas a reviver o que senti quando você disse que eu não fui tão importante pra você, quando você o foi para mim. Não importa, tenho certeza que fui, mesmo que não tenhas.
Aprendi com você o significado de mudar da água para o vinho, embora eu tenha a impressão que você mudou da água para o conhaque. Não mais inebriante: rasgante. Posso estar errado. Ou não. Anyway, não te conheço mais. Escrevo para o seu passado, o qual conheci muito bem e que fui perdidamente apaixonado.
Sim, porque eu ainda guardo o som das suas risadas e a beleza de te ver fumando na Atlântica na minha mente sonolenta. E o cordão, é claro. Não espero que você entenda as palavras que digo, só entenda isso: o cordão repousa no lado esquerdo da minha cama, pois as coisas que amamos são guardadas lá. Entenda que aquele que caminha sobre algodão, afunda. O chão, antes leve, cede ao seu peso. Outrora um solo macio, rompe-se, traidor.
Ah, entenda também que só lhe desejo felicidade.