segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Abri os olhos: decidi arrumar minha bagunça.
O pó caiu em cima de mim,
O mundo caiu nas minhas costas,
O desencontro não teve fim.
Tentando dar conta das coisas mortas,
Descobri uma vida para além do caos.
Não estão mortas, estão vivas.
Mortas-vivas,
Um fantasma sólido.
Queria ser mais simplório,
Mas acho que não tem como.
Abri os olhos, cada vez mais.
Arrumei minha bagunça, mas não achei a paz.

sábado, 5 de setembro de 2015

No consultório, eu e a analista.
Ela diva, eu divã.
Perguntou se estava à vista
O meu afã
De Septimus.
Disse que não sabia, ela disse que sim.
Passaram-se décimos,
Milênios, segundos.
Não sabia eu de nada.
"Sentimentos profundos,
Recalcados no seu inconsciente.
A linguagem fala, o sintoma grita.
A vida não é tristeza somente.
Essa dor, não a alimente."
É ridículo meu potencial suicida.
Queria ser Édipo, patricida,
Mas minha dor é burguesa:
Lágrimas postas à mesa,
Roupa suja (quase) lavada.
Minha dor podia ser o mundo,
Eu podia ser tudo,
Mas eu e ela somos nada.