terça-feira, 5 de junho de 2018


 No meio da vida,
O menino desce aos infernos
Quando eram quatro horas da tarde.
Seus pés abriram ferida
Nos caminhos eternos
De quem pisa quando a brasa arde.
No meio da vida,
O menino desceu aos infernos
Quando eram cinco horas.
Lembrava de uma existência impedida,
Já distante; mas, aos berros,
Sua garganta era torcida
Por gárgulas com sorrisos
De gentis senhoras.
No meio da noite,
O menino dorme, satânico.
Já não lembro o tempo.
Seu sono era açoite,
A canção de ninar, o pânico,
Seu inferno é o pensamento.

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